Nesta Edição | 27 de janeiro a 02 de fevereiro

  • Alcolumbre e Motta são favoritos para comando do Congresso
  • Governo Lula coloca pauta alimentícia como destaque das discussões, vislumbrando 2026
  • Primeiras reuniões do COPOM sob Galípolo acontecem essa semana
  • TCU bloqueia recursos para Pé-de-Meia e AGU recorre
  • LATAM: Trump inicia seu novo mandato e suas políticas já têm efeitos na América Latina

 

Cenário Geral

Após pouco mais de um mês de recesso, o Legislativo Federal retorna às atividades no próximo sábado, 1º de fevereiro, com a eleição das Mesas Diretoras do Congresso Nacional. O senador Davi Alcolumbre (União/AP) e o deputado Hugo Motta (Republicanos/PB) são os nomes mais cotados para assumir a presidência de suas respectivas Casas. Além da composição das Mesas, as atenções estarão voltadas para a formação dos blocos parlamentares, que desempenharão um papel decisivo tanto na eleição da Mesa Diretora quanto na definição das comissões da Casa.

No Executivo, as atenções estão voltadas para a formulação de estratégias destinadas a conter a alta dos preços dos alimentos, colocando o tema no centro do debate público e consolidando sua importância na agenda nacional. O assunto pode, inclusive, ser abordado em reuniões previstas para esta semana que abordam a inflação, como a primeira reunião do Copom em 2025.

Alcolumbre e Hugo Motta consolidam favoritismo para comando do Congresso Nacional

Articulações políticas miram blocos e reforma ministerial

As eleições para as Mesas Diretoras da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, marcadas para o próximo sábado, 1º de fevereiro, já apontam para um cenário de amplo favoritismo em torno de Hugo Motta (Republicanos/PB) e Davi Alcolumbre (União/AP). Ambos os nomes, com articulação sólida e apoio transversal entre bancadas, estão praticamente eleitos, sem adversários que representem uma ameaça real. Ainda assim, a definição completa das Mesas, os blocos parlamentares e possíveis reflexos na composição ministerial do governo Lula são pontos que ainda devem movimentar os bastidores do Congresso.

Na Câmara, um ponto crítico nas eleições será a formação dos blocos parlamentares, que devem ser definidos até às 9 horas do dia 1°. Na eleição passada, a estratégia de formação de um "blocão", que uniu partidos como PL e PT, minou a aplicação da regra da proporcionalidade na distribuição das comissões. A manutenção dessa estratégia pode gerar insatisfação em partidos menores, mas tem sido eficaz para garantir maior controle das pautas pelos partidos majoritários.

No Senado, Alcolumbre caminha para retornar à presidência, com apoio de sete bancadas, incluindo PT, PSD, MDB e PL. As possíveis candidaturas de Marcos Pontes (PL/SP) e Eduardo Girão (Novo/CE) não representam desafios significativos, especialmente após a experiência do PL na última eleição, quando apoiar Rogério Marinho (PL/RN) contra Rodrigo Pacheco (PSD/MG) resultou em perdas estratégicas na distribuição das comissões.

Apesar do favoritismo de Motta e Alcolumbre, seus partidos – Republicanos e União Brasil – possuem vínculos limitados com o governo e não compõem oficialmente sua base. O Republicanos, por exemplo, ocupa apenas a pasta de Portos e Aeroportos, comandada por Silvio Costa Filho, enquanto o União Brasil tem maior presença com os Ministérios das Comunicações, sob Juscelino Filho, e da Integração e do Desenvolvimento Regional, liderado por Waldez Góes.

Nesse contexto, a reforma ministerial, anunciada como iminente há meses, pode ser diretamente impactada pelas eleições das Mesas. Os cargos no Legislativo são peças-chave para fortalecer a articulação política do Executivo no Congresso, uma área que enfrentou dificuldades recorrentes no último ano, especialmente em pastas estratégicas como a chefiada por Alexandre Padilha, responsável pela interlocução do governo com o Parlamento.

 

Presidente Lula coloca a pauta alimentícia no centro das discussões do Planalto 

Governo começa a projetar eleições presidenciais de 2026 

Na tarde de ontem, 26, o presidente Lula apareceu nas redes sociais da primeira-dama, Janja, reforçando o compromisso do governo em reduzir a inflação dos produtos alimentícios. No vídeo, o presidente, em um tom descontraído, caminha pelas hortas da Granja do Torto em uma tentativa de se aproximar da classe trabalhadora. A mensagem foi divulgada após uma intensa semana de reuniões ministeriais, incluindo encontros com o ministro da Casa Civil, Rui Costa, e o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, com o objetivo de alinhar estratégias para baixar os preços dos alimentos no país — uma das prioridades do governo em 2025. Enquanto isso, na sexta-feira, 24, o ministro Rui Costa afirmou que o governo pretende reduzir alíquotas para conter a alta no preço dos alimentos, mas descartou a possibilidade de um "congelamento de preços".

Além disso, Lula já dá sinais de que 2026 começou, indicando que o governo precisa antecipar sua estratégia com vistas às eleições presidenciais do próximo ano. Nesse sentido, espera-se que a pauta alimentícia se torne um tema central da gestão, visto não apenas como uma resposta às necessidades da população, mas também como uma oportunidade para melhorar a imagem do governo. Essa estratégia visa abrir caminho para um cenário político mais favorável em 2026.

No campo da comunicação, o governo parece reconhecer a necessidade de melhorias, especialmente após críticas severas enfrentadas no final de 2024. Portanto, o vídeo demonstra um esforço em curso para aproximar Lula de sua base, aumentar a credibilidade dos anúncios governamentais e estabelecer uma conexão mais forte com a sociedade.

 

Outros Destaques

Executivo

Galípolo comanda primeira reunião do COPOM de 2025

Nessa terça-feira, 28, e quarta-feira, 29, estão programadas as primeiras reuniões do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central em 2025. Esses encontros marcarão a estreia de Gabriel Galípolo como presidente da instituição. As reuniões ocorrem em um contexto desafiador, caracterizado pelo aumento dos preços dos alimentos e pelo descumprimento da meta de inflação. Nesse cenário, o mercado antecipa um possível novo aumento na taxa básica de juros (Selic), que pode subir de 12,25% ao ano para 13,25%.

Plenário do TCU determina bloqueio de recursos destinados ao Pé-de-Meia, e AGU recorre contra decisão

O ministro do Tribunal de Contas da União (TCU), Augusto Nardes, determinou o bloqueio parcial dos recursos do programa Pé-de-Meia, alegando operações fora do orçamento da União e em desacordo com as regras fiscais. A Advocacia-Geral da União (AGU) recorreu, defendendo a legalidade das transferências e solicitando que os efeitos da decisão, se mantidos, valham apenas a partir de 2026, além de requerer um prazo de 120 dias para apresentar um plano de adequação. O ministro Fernando Haddad garantiu que o programa não será interrompido, com pagamentos de fevereiro mantidos, e destacou a possibilidade de integrar os recursos à Lei Orçamentária Anual (LOA) de 2025, ainda em análise no Congresso.

Destaques da América Latina

EUA

Trump inicia segundo mandato com medidas controversas na América Latina incinia 

Deportações e sanções econômicas ampliam tensão na região

A posse de Donald Trump para seu segundo mandato como presidente dos Estados Unidos marcou o início de políticas nacionalistas que já impactam a América Latina. Em seu discurso inaugural, Trump reafirmou a agenda "América em Primeiro Lugar" e assinou ordens executivas que incluem a retirada do Acordo de Paris, militarização da gestão migratória e endurecimento comercial.

Entre as medidas mais controversas, estão as deportações de imigrantes em voos militares sob condições rigorosas. Brasileiros chegaram a Manaus algemados, o que gerou críticas do presidente Lula, que considerou o tratamento “degradante”. Na Colômbia, Gustavo Petro recusou inicialmente receber deportados, mas recuou após Trump impor tarifas econômicas de 25% em produtos colombianos, que já foram suspensas.

As implicações políticas e econômicas dessas medidas são profundas. A estratégia linha-dura de Trump sobre imigração, que associa publicamente imigrantes a criminalidade, coloca uma pressão crescente sobre os países latino-americanos para conter fluxos migratórios, ao mesmo tempo que fragiliza relações bilaterais. No caso da Colômbia, a ameaça de sanções demonstrou como o governo norte-americano de Trump vai se utilizar de ferramentas econômicas para forçar concessões, reacendendo tensões históricas sobre soberania. No Brasil, o episódio ressaltou o desafio do governo Lula em equilibrar a defesa dos direitos de seus cidadãos no exterior com a manutenção de relações diplomáticas funcionais com Washington.

A primeira semana do novo mandato de Trump deixa claro que sua abordagem polarizadora não se restringirá às fronteiras dos EUA. Ao contrário, já começa a remodelar as dinâmicas regionais, obrigando líderes latino-americanos a responderem a uma agenda que combina protecionismo econômico, endurecimento migratório e estratégias geopolíticas que remetem um intervencionismo agressivo.

Para uma análise completa sobre a posse de Trump e suas consequências na América Latina, leia nosso relatório aqui.